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Pessoas que falam vários idiomas são intrigantes e conseguem fazer com que qualquer mortal se sinta um pequeno grão de areia insignificante. O que elas fazem para ter fluência em múltiplas línguas? Estudam 24h por dia? Têm técnicas para decorar palavras? Têm superpoderes?
Para responder a essas perguntas, ninguém melhor do que um cara que é fluente em SETE idiomas – húngaro, inglês, francês, alemão, italiano, russo e indonésio. A seguir, conheça as táticas de aprendizado do húngaro Balázs Csigi, CEO de uma empresa de idioma que se propõe a ensinar métodos inovadores para quem quer aprender novas linguagens.
Csigi fala sobre a sensação de entender um idioma, mas não conseguir se sentir fluente a ponto de falar como um nativo ou de, no mínimo, perder o sotaque e os cacoetes de estrangeiro. No início, o que ele fazia era decorar novas palavras e estudar gramática sem parar, mas o que mudou seu aprendizado foram duas descobertas: linguística cognitiva e semântica cultural. Para ele, foi isso que o fez ir de um “momento ‘aha!’” para outro.
A magia de se tornar realmente fluente
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Ter fluência em vários idiomas é para poucos, mas é possível.
Antes, Csigi aprendia como muitos de nós aprendemos e memorizava palavras e frases, aplicava aprendizados gramaticais em novas sentenças e praticava com outros alunos algumas reações automáticas. Se você estuda outro idioma, essa receita possivelmente soa familiar – e cansativa. A verdade é que esse processo nos deixa desmotivados em pouco tempo.
Deixar de ser obsessivo com as questões gramaticais e mergulhar no universo cultural de cada idioma foi o que fez com que Csigi chegasse ao ponto de escrever artigos para pessoas que têm o inglês como sua língua nativa, por exemplo, sem dificuldades. Idem para participar de conferências e discutir todo tipo de ideias com ingleses e norte-americanos, sem a menor dificuldade – “eu diria até que ganhei uma segunda identidade”, comparou.
Semântica cultural
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O jeito é estudar além da gramática e das novas palavras.
Se tem uma coisa a respeito da qual Csigi fala é a tal “semântica cultural”, um termo que pode parecer novo para algumas pessoas, mas cuja definição é simples de ser compreendida. Semântica cultural é basicamente o que nos faz criar uma conexão verdadeira com uma nova cultura, é aprender o que ela tem a oferecer além da linguagem.
Pense no próprio Brasil como exemplo. Nosso país é imenso, e dentro dele há regionalismos característicos. Não apenas o sotaque nordestino é diferente do paulista, como facilmente reparamos que expressões e gírias cariocas não são as mesmas que as paranaenses, por exemplo.
Aprender um novo idioma é mergulhar na questão cultural que está impregnada no que os nativos de determinado idioma falam. É conseguir compreender algumas expressões, ainda que se saiba que elas não se traduzem literalmente. Isso é semântica cultural, e esse conceito ainda não é amplamente ensinado em escolas de idiomas, infelizmente. Para Csigi, compreender a semântica cultural de um idioma é a melhor forma de se tornar fluente. Confira algumas das observações dele a seguir:
1 – Aprenda questões culturais além do vocabulário
O idioma falado em um país é construído com base na cultura da região também, e se você fica preso somente às questões gramaticais e às traduções literais, vai ter dificuldade em se tornar fluente. “Muitas palavras em uma linguagem são únicas e não podem ser traduzidas exatamente para outros idiomas”, explica Csigi.
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Este GIF está aqui só por causa da cabine telefônica mesmo
2 – Aprenda palavras que salvem você de situações constrangedoras
O expert fala que, em inglês, a falta do uso de algumas palavras pode significar que uma pessoa é rude ou mal-educada, o que a impedirá de causar uma boa impressão, obviamente. Ainda falando da língua inglesa, vale frisar que, em países do Reino Unido, a falta do uso de palavras como “please” e “thank you” é vista como algo extremamente rude, enquanto no Brasil nem sempre pedimos por favor ou agradecemos – e nem por isso somos considerados rudes, especialmente se estivermos entre amigos.
Csigi cita outros termos que nem estão diretamente ligados a essa questão de educação, mas que são “amaciadores” em diálogos, e que ele passou a usar com mais frequência na medida em que se tornava fluente em inglês: a little bit (um pouco), really (realmente), probably (provavelmente), I think (eu acho) e as far as I know (até onde eu sei) são alguns exemplos.
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Quanto mais informação, melhor.
3 – Descubra como elogiar apropriadamente
A expressão “quite good” é entendida, pela maioria dos europeus, como um elogio – no caso de um jantar, por exemplo, dizer que estava “quite good” pode significar que a comida estava boa; agora se você diz isso na Inglaterra, a pessoa vai entender como “estava comível”. Os britânicos costumam valorizar muito as pessoas que consideram “polite”, ou seja, aquelas realmente educadas, que sempre pensam antes de dizer alguma coisa.
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Ter noção é fundamental.
4 – Seja otimista
Csigi não fala apenas do otimismo básico, que é aquele pensamento positivo a respeito dos mais diferentes aspectos da vida. Ele explica que esse otimismo está presente, inclusive, na língua inglesa, que tem o costume de substituir palavras negativas por versões mais neutras e positivas.
Como exemplo, ele explica que a palavra “problem” é muitas vezes substituída por versões mais neutras como “issue” (questão). “A maioria das palavras em uma língua estrangeira revelam uma mentalidade específica, que é mais facilmente sentida quando você traduz de um idioma para o outro. Talvez você entenda a sensação quando a tradução se parece com a versão original”, explica.
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Aprender é sempre bom.
5 – Por que a decoreba não funciona
Decorar verbetes até pode ser uma saída, mas não para quem quer se tornar fluente de verdade em um novo idioma. Csigi explica que o aprendizado de uma nova língua nada tem a ver com decorar vocábulos, sentenças prontas e se prender a regras gramaticais em cada fala.
Em todo o seu texto, que foi publicado originalmente no Business Insider, o expert reforça a necessidade de mergulhar na cultura de cada lugar e de entender que algumas expressões não podem – nem devem – ser traduzidas literalmente. “Não importa qual idioma você está aprendendo, permita que o pulsar de uma nova cultura corra por suas veias”, finaliza.
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Não é assim que se faz
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